Sustentabilidade, social e governança nas ações da fabricante de cabos e conectores.
Embu das Artes, 21 de junho de 2023 – O que deve estimular o mundo dos negócios a adotar práticas associadas ao ESG, acrônimo em inglês para as palavras environmental, social and governance, ou, em português, ambiental, social e governança? A construção de uma imagem mais positiva perante à sociedade, em tempos de emergências climáticas e de cobrança de responsabilidades sociais? A obtenção de melhores resultados e balanços financeiros? A parte financeiro-econômica é importante, mas não deve ser o motivador principal para que uma empresa adote a prática ESG.
Se antes ter responsabilidade socioambiental era visto como filantropia, como custo e desvinculado do negócio, hoje ganha centralidade nas atividades econômicas. No Brasil, ainda se está no começo dessa mudança, mas muitas empresas já estão dando os primeiros passos. A Datalink é uma delas.
Em 2023, ano em que completou 30 anos de atividade, a Datalink – fabricante brasileira de cabos e conectores – está focada na elaboração do seu plano de implementação da prática ESG. “Criamos um projeto que prevê diversas ações nas três dimensões ESG – ambiental, social e governança”, explica Adriana das Neves, gerente administrativa da empresa. Segundo ela, o “principal é garantir a construção de relações verdadeiras entre o negócio, os colaboradores e a sociedade para se obter a sustentabilidade e a governança”.
Entre as ações que já estão em operação, indica Adriana, “temos, internamente, o canal de denúncias, políticas de anticorrupção e a contratação de empresa de assistência psicológica para atender, de forma gratuita, aos nossos colaboradores. Já na relação com a sociedade, mantemos um apoio mensal para a compra de material didático doado para uma escola do bairro onde o complexo industrial da Datalink está instalado”.
Ainda na parte externa, acrescenta Adriana, a Datalink se engajou no projeto “Apoiador Institucional“ do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), onde a empresa apadrinha turmas escolares para participação na Jornada CIEE de Matemática, que visa, por meio de um aplicativo, incentivar os alunos e ao mesmo tempo auxiliá-los em suas dificuldades de forma lúdica e divertida.
Na parte ambiental, a Datalink, segundo a gerente administrativa, vem implementando tecnologias para captação e reuso da água da chuva no processo de fabricação de cabos e prevê a criação da central de resíduos, “onde será feita a correta separação e destinação de resíduos diversos”.
Ainda na questão corporativa, a Datalink reforçou a sua atenção em garantir ambiente de trabalho saudável em termos físicos e de processos industriais seguros, mas também na dimensão do social e psicológica. “Recentemente, nos inscrevemos no Great Place to Work (GPTW), certificação que atesta a qualidade da empresa na gestão de pessoas e na cultura organizacional”, observa Adriana das Neves.
Como chegamos ao padrão ESG
Da primeira revolução industrial, no século XVIII, aos tempos contemporâneos, os modos de produção passaram por muitas mudanças tecnológicas. A sociedade por muitas vezes foi impactada e sofreu os acidentes para além dos muros das fábricas. O caso mais famoso é o smog quando milhares de pessoas, em Londres, na Inglaterra, na metade do século XX, morreram de falta de ar por causa dos particulados no ar. De lá para cá, podemos até ter aprendido algumas coisas, mas novos incidentes ocorreram, com mortes, doenças e destruição ambiental. Infelizmente, são muitos os acidentes, inclusive no Brasil.
Smog
O Nevoeiro de 1952, conhecido também como Big Smoke, foi um período de severa poluição atmosférica, entre os dias 5 e 9 de dezembro de 1952 que encobriu a cidade de Londres. O fenômeno foi considerado como um dos piores impactos ambientais até então, sendo causado pelo crescimento incontrolado da queima de combustíveis fósseis na indústria e nos transportes. Acredita-se que o nevoeiro tenha causado a morte de 12.000 londrinos, e deixado outros 100.000 doentes.
No século XXI, a questão se apresenta ainda com maior protagonismo e relevância. Os cientistas e especialistas vaticinam: não dá para fechar os olhos ou fazer cara de paisagem frente às emergências climáticas e à disfunção de muitas atividades econômicas.
A sigla ESG, segundo informações do site Estratégia ODS, foi utilizada, pela primeira vez, em 2004, a partir de uma carta das Nações Unidas remetida a 55 das principais instituições financeiras do mundo, convidando-as a integrar tais princípios ao mercado financeiro. O Pacto Global publicou, no mesmo ano, em conjunto com 20 instituições financeiras de nove países distintos, o relatório “Quem se importa, ganha” (Who cares wins), com recomendações para integração das questões ambientais, sociais e de governança à gestão de ativos e corretagem de valores mobiliários.
O que se coloca para o mundo econômico é que a mudança é fundamental à sobrevivência humana na Terra. Por isso, para que a prática ESG seja verdadeira e não apenas uma peça de marketing positivo, a transparência é uma das palavras-chave de uma estratégia que deve envolver respeito à natureza, à sociedade.
Se antes ter responsabilidade socioambiental era visto como filantropia, como custo e desvinculado do negócio, hoje ganha centralidade. A questão está colocada para todos: como fazer a transição da atividade econômica predatória para a regenerativa, e não neutra.
Tecnologia aliada
Ao longo do tempo, a tecnologia vem avançando e permitindo conhecer, com mais precisão e certeza, os impactos e resultados que os processos industriais geram. Sabe-se, por exemplo, que a queima sem controle de combustível fóssil significa muito material particulado no ar, muito monóxido de carbono. Da mesma forma, tem-se mais informação sobre gases de efeito estufa e como medir o quanto está se emitindo e contabilizar tudo, não só nas emissões de gases, mas nos efluentes líquidos.
É uma consciência importante das empresas tangibilizar qual o custo ambiental e social que está criando com seu modo de produção. Ou seja, é crescente ações empresariais preocupadas com o que produz e como.
Economia circular
Uma das ferramentas utilizadas nesse novo olhar produtivo é a economia circular. Ela mostra desde a retirada da matéria-prima da natureza, o círculo do processo, produção, venda, utilização do cliente e o descarte.
É no descarte que a economia circular se faz: é a matéria-prima que entra de novo numa cadeia produtiva, não apenas como resíduo. Por exemplo: na reutilização do plástico de uma garrafa de água sem rótulo, que não tem nada escrito, diminui a quantidade de resíduos não reciclados. Então, produzir coisas mais duráveis, fazer logística reversa com os resíduos, são outros exemplos da economia circular.
As empresas terão de mudar por ser uma vantagem competitividade e por regulamentações ambientais que estão sendo criadas. Hoje, não dá para pensarmos a vida ou em negócios sem levantar em conta as questões relativas à mudança climática, responsabilidade social e tudo isso ligado à governança das empresas.
O S da prática ESG
O social da prática ESG é a relação entre a empresa, o cliente, a sociedade, os fornecedores, os colaboradores, o governo. Ele é interação, relação e um espaço para que as partes interessadas se manifestem, interajam, encaminhem sugestões, ideias e críticas. O social do ESG está dizendo que todos impactados por uma atividade econômica, não importa qual seja, devem ser ouvidos. Precisamos entender que este social é relacionamento baseado em premissas de transparência.