Datalink se junta ao esforço da campanha Setembro Amarelo dedicado à campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio

Embu das Artes (SP), 11 de setembro de 2023 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, a campanha é realizada durante todo o mês de setembro. Em 2015, a campanha Setembro Amarelo foi criada no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), visando a conscientização, prevenção e redução dos números alarmantes de casos de suicídios registrados anualmente.

Embora a campanha não seja específica ao ambiente de trabalho, a Datalink entende importante abordar a questão e reduzir o estigma associado à saúde mental e promover soluções e apoio. Por isso, a fabricante de cabos e conectores, desde junho último, disponibilizou atendimento gratuito de consultoria psicológica ao estabelecer convênio com a Telavita. As trilhas oferecidas pela plataforma incluem consultas online com psicólogos e psiquiatras, conteúdos educativos, exercícios, treinamentos e outros tipos de cuidado.

A atitude da Datalink está de acordo com a indicação de especialistas da área da saúde da importância de as empresas e empregadores adotarem medidas proativas para promover um ambiente de trabalho saudável e de apoio. Implementar programas e ações de bem-estar mental, a promoção de uma cultura de respeito, apoio e empatia com os colaboradores.

Como destaca Adriana das Neves, gerente administrativa da área de Recursos Humanos da empresa, a Datalink tem, entre seus objetivos, cuidar para que o ambiente laboral, do chão de fábrica à administração, adote práticas saudáveis de relações interpessoais e de processos produtivos. “A vida dos nossos colaboradores está em primeiro lugar, porque sem ela não tem produção de qualidade. Temos consciência dessa relação. Por isso, apesar de o assunto estar envolto em tabus, a empresa tomou a iniciativa de oferecer esse benefício”, diz Adriana. Ela complementa: “Entendemos que falar e buscar ajuda é a melhor solução para quem está passando por situações difíceis. O acompanhamento psicológico, além do apoio da família e dos amigos e dos colegas de trabalho, fazem parte desse apoio. É essencial que as pessoas consigam falar sobre o que sentem.”

Estatísticas
Segundo a OMS, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. Mas também informa que existem episódios subnotificados, o que pode chegar a mais de 1 milhão de casos. No Brasil, a estimativa é de 14 mil casos por ano, o que leva em média trinta e oito pessoas cometem suicídio por dia. Entre 2010 e 2019, o país registrou em torno de 112.230 mil mortes por suicídio.

De acordo com especialistas, o suicídio de trabalhadores/as e a saúde mental no ambiente de trabalho são preocupações importantes a serem discutidos. Observam ainda que o estresse no trabalho, pressão excessiva, assédio, carga de trabalho excessiva e falta de apoio emocional podem contribuir para problemas de saúde mental entre os trabalhadores e as trabalhadoras.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2019, 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais receberam o diagnóstico de depressão. Estados do sul e sudeste têm 15,2% e 11,5%, respectivamente, de adultos com diagnóstico confirmado de depressão. Em seguida, o centro-oeste (10,4%), nordeste (6,9%) e norte (5%). Segundo dados da Previdência Social, a terceira maior causa de afastamentos por auxílio-doença acidentário é de transtornos mentais, como a depressão, que pode ser um dos motivos.

Para as pessoas que querem e precisam conversar, o Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, por meio do telefone: 188, chat ou e-mail.

Entrevista exclusiva
Abordagem holística reconhece interconexão entre mente e corpo

Aline Aparecida da Silva é coordenadora de Programa de Saúde da Telavita, consultoria conveniada da Datalink. Ela é psicóloga formada pelo Centro Universitário São Camilo, com pós-graduação em Gestão Estratégica de Negócios pelo Mackenzie, MBA em Big Data- Data Science pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), pós-graduação em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da família na Universidade Anhembi Morumbi

Aline Aparecida da Silva, coordenadora de Programas de Saúde da Telavita. Crédito: Acervo pessoal.

Sua experiência compreende atuação com gestão de programas corporativos, de qualidade de vida, de inclusão de pessoas com deficiência, de saúde mental, saúde osteomuscular e, ainda, programa de gerenciamento de pacientes crônicos, desempenhando atividades de criação de protocolos de saúde, divulgação e implementação dos programas nos clientes, análise dos resultados obtidos como evolução clínica e impactos na sinistralidade.

Na entrevista, a seguir, Aline responde questões importantes saúde mental e física, sintomas importantes que podem indicar uma necessidade de atenção e apoio. Leia, e passe adiante para que todos possamos ajudar uns aos outros nessa caminhada em defesa da vida.

A senhora poderia nos falar sobre a importância da campanha Setembro Amarelo como forma de reduzir ou eliminar o estigma que envolve a saúde mental?
A campanha de conscientização Setembro Amarelo é uma poderosa aliada à luta contra o estigma associado aos transtornos mentais e ao suicídio. Ao disponibilizar informações e desafiar preconceitos, essa iniciativa desempenha um papel fundamental em encorajar as pessoas a buscar ajuda, contribuindo, assim, para a prevenção do suicídio.

Às vezes, nem percebemos que precisamos de ajuda ou apoio. Como identificar alguns fatores ou sintomas que apontam um esgotamento mental que precisa de apoio externo?
Sintomas frequentes que sinalizam a necessidade de buscar apoio em relação à saúde mental englobam variações de humor, como sentimentos persistentes de tristeza e irritabilidade, bem como problemas relacionados ao sono, como excesso de sono ou insônia. Além disso, mudanças no apetite ou peso corporal, juntamente com o isolamento social, também são indicativos importantes.

Ainda sobre isso, existem também fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais? Ou seja, devemos considerar uma série de fatores que se acumulam ao longo da vida de uma pessoa?
Certamente, afirmamos que o ser humano é uma entidade biopsicossocial, o que implica que sua saúde mental pode ser influenciada por uma variedade de fatores individuais. Isso inclui traços de personalidade e predisposições genéticas, que podem aumentar o risco de transtornos mentais, especialmente quando há histórico familiar dessas condições. Além disso, não podemos ignorar a influência significativa dos fatores socioambientais, como as condições socioeconômicas, a disponibilidade de uma rede de apoio social e o acesso a recursos adequados, que também desempenham um papel fundamental na saúde mental de uma pessoa.

O estigma e o tabu podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção de uma ação extrema, como o suicídio? Qual orientação nesses casos?
Sim, uma pessoa que enfrenta esse tipo de desafio pode hesitar em buscar ajuda, o que, por sua vez, pode intensificar os sintomas e potencialmente culminar em pensamentos ou ações suicidas. É crucial lembrar que, diante de alguém que expressa a vontade de se prejudicar, essa declaração deve ser tratada com a máxima seriedade.

A orientação fundamental é a de que, sempre que alguém revelar tais sentimentos, é importante levar isso a sério e encorajar a pessoa a buscar ajuda prontamente, seja entrando em contato com canais como o CVV no número 188, ou procurando apoio psicológico e psiquiátrico. Muitas pessoas podem sentir-se inseguras sobre como abordar essa situação com a pessoa em questão, entretanto, saiba que o simples ato de ouvir com empatia e compreensão já é um passo essencial no processo de apoio.

Infelizmente, relaciona-se o atendimento psicológico apenas para casos fora da “normalidade”, numa dualidade imprecisa e perigosa que opõe normal e anormal. É um outro estigma também. Como entender que o atendimento psicológico é uma questão de saúde mental para todos?
O conceito de saúde, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), abrange um estado completo de bem-estar físico, mental e social, indo além da mera ausência de doenças e enfermidades. Portanto, para alcançar uma verdadeira saúde, é essencial cuidar ativamente da nossa saúde mental. O suporte psicológico pode se tornar um aliado significativo nesse processo, tanto para a prevenção quanto para o tratamento de transtornos mentais em indivíduos que já os enfrentam.

Como a senhora vê a atitude de empresas, como a Datalink, de oferecer um serviço de apoio psicológico para os seus colaboradores, como o Telavita? A senhora também pode nos falar um pouco sobre o trabalho da Telavita?
É extremamente positivo ver empresas que demonstram preocupação com a saúde mental de seus colaboradores, como a Datalink. Isso é fundamental porque as dificuldades relacionadas à saúde mental podem ter um impacto significativo na produtividade e na satisfação profissional dos funcionários. Nesse sentido, a Telavita desempenha um papel essencial, oferecendo apoio em saúde mental por meio de um cuidado coordenado. Esse cuidado é composto por especialistas em saúde mental e utiliza estratégias de mapeamento populacional de fatores de risco, juntamente com abordagens preventivas, como a psicoeducação. Essas medidas demonstram o compromisso das empresas com o bem-estar integral de seus colaboradores, fortalecendo o ambiente de trabalho e contribuindo para o sucesso de todos.

Passamos, nos últimos três anos, pelo menos, por uma situação pandêmica inédita que gerou insegurança, medo, perdas e solidão. Ainda nos recuperamos e, claro, não nos sentimos totalmente seguros. Como devemos nos perceber a partir desse novo paradigma civilizacional, podemos definir assim, em relação à saúde mental e até física?
A pandemia enfatizou a importância da saúde mental e da resiliência, bem como a necessidade de cuidar de nós mesmos e dos outros. A lição fundamental é que a saúde mental é uma parte integral do nosso bem-estar e deve ser priorizada e apoiada em todas as circunstâncias, especialmente durante crises como a pandemia.

Por último, como o físico e o mental se relacionam e podem se ajudar?
O físico e o mental estão intrinsecamente ligados, uma saúde física adequada, que inclui uma dieta equilibrada, exercícios regulares e um sono de qualidade, muitas vezes contribui para uma mente mais saudável. Por outro lado, emoções como estresse e ansiedade podem desencadear reações físicas no corpo, como aumento da frequência cardíaca, tensão muscular e liberação de hormônios do estresse. Em resumo, a relação entre o físico e o mental é de mútua influência. A abordagem holística da saúde reconhece essa interconexão e destaca a importância de cuidar tanto do corpo quanto da mente para alcançar um estado geral de bem-estar. Portanto, é fundamental prestar atenção a ambas as dimensões da saúde para promover uma vida saudável e equilibrada.

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