Rosângela Ribeiro Gil
Assessoria de Imprensa
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Cristina Camacho
Arte e imagens
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Neste 10 de março é comemorado o Dia do/a Guitarrista. Considerada a estrela maior do rock, a guitarra é o instrumento mais característico do gênero e traz alma e personalidade à música. O instrumento já foi guindado ao papel de protagonista em relações amorosas, capaz de conquistar (ou não) um coração. Quem nunca ouviu “Solos de guitarra não vão me conquistar”, da canção “Como eu quero”, do Kid Abelha?
Mas estamos falando do instrumento, todavia a efeméride é em celebração daquele e daquela que seguram, bem junto ao corpo, um instrumento que pode ter peso entre 2,7 a 4,5k e passeiam os dedos nas seis cordas em movimentos e velocidades diversas, variadas e até mágicas nas notas musicais da mais aguda a mais grave. Dedilham sons, às vezes, inimagináveis, que nenhuma inteligência artificial (IA) seria capaz. Que podem dar a impressão que a guitarra “chora” ou explode em risos. Coisa de inteligência humana, ainda bem!
O peso de uma guitarra está associado a três fatores fundamentais: forma e tamanho do corpo da guitarra, tipos de madeira utilizada (espécie) e de corpo (sólido, semioco, oco e iluminado). Também existem vários tipos de guitarras, entre acústicas e elétricas.
O/A guitarrista pode atuar solo ou tocar com orquestras e bandas de uma variedade de gêneros e tocar uma variedade de instrumentos como guitarras acústicas, guitarras eléctricas, guitarras clássicas e baixos.
Guitarra
Vem do árabe “qitara”; derivado do latim “cithara” e do grego “kithára”. E refere-se a uma série de instrumentos de cordas dedilhadas, ou instrumentos cordofones que possuem braço e caixa de ressonância cujas cordas são beliscadas. (Wikipedia)
O símbolo marcante do rock não escolhe gênero nem sexo para ser tocado. Ele é fluido, como toda arte. Para homenagear artistas tão especiais em nossas vidas – quem nunca se apaixonou, se emocionou, “viajou na maionese”, chorou ou se alegrou ao som de uma guitarra? – entrevistamos a guitarrista Bruna Terroni.
Para conhecer um pouco o universo de quem está “por trás” (ou à frente) de uma guitarra, a guitarrista Bruna Terroni, parceira da Datalink, mineira de Belo Horizonte, fala como iniciou a sua paixão pelo instrumento já aos 11 anos de idade, entre a meninice e a pré-adolescência. “Ela era praticamente maior que eu”, lembra.
Aos 16 anos de idade, a relação foi sacramentada, Bruna decidiu que seria guitarrista e viveria do seu som. Passados dez anos, ela continua firme na decisão. Ganhamos todos nós com o seu som, a sua verdade e o seu compromisso com a arte.
Nesta entrevista, Bruna Terroni fala das suas “ídolas”, do machismo que ainda persiste nesse mundo da guitarra e da vontade de seguir e nunca desistir. “Passaremos com a nossa música”, é quase um grito de guerra para a vida, como nos ensina.
Bruna, como a guitarra lhe conquistou?
O encontro com a guitarra começou quando tinha 11 anos [de idade], quando adquiri minha primeira guitarra. Já fazia aula de música e teclado. Adorava tocar. Depois, fui incentivada por um tio que veio morar em nossa casa. Ele era do rock. Começamos a assistir vídeos de rock juntos. Me apaixonei pelo rock. Aí pedi uma guitarra para a minha mãe. Encontrei o instrumento na cor vermelha que foi comprada seis meses depois pela minha mãe.
O início de aprendizado – com a guitarra maior que eu, como é até hoje – não foi nada fácil. A fase inicial é difícil. Quando se pega o instrumento pela primeira vez e as coisas não acontecem como você gostaria. O processo inicial é bastante chato. Cheguei a ficar cerca de um ano sem fazer aulas, tentando aprender a tocar as músicas sozinha. Ficava muito feliz quando conseguia tocar a introdução de alguma música, chamava minha mãe e meu tio para ouvirem, quando eles chegavam, ficava nervosa e errava tudo. Minha mãe cansou disso e me fez voltar para as aulas.
Quem lhe inspira nesse mundo tocado pela guitarra?
Várias guitarristas me inspiram. Em primeiro lugar vem a Orianthi. Acompanhei a carreira dela desde os 11 anos. Sou muito fã da pegada rock-blues dela. Em segundo lugar, a Jennifer Batten, que, atualmente, tem feito shows com o Lenny Jay, cover de Michael Jackson. As duas têm carreira solo e já foram guitarristas do cantor Michael Jackson.
Dos guitarristas homens, meu favorito é Nuno Bettencourt, da banda Extreme. Ele tem pegada rock e do funk, e também apresenta timbres diferentes. Ele está dentro do meu top 3.
Não à toa, duas inspirações mulheres, bem legal você trazer isso no mês em que temos o 8 de março, o Dia Internacional da Mulher.
O mercado da música, do rock, principalmente na guitarra, é ainda predominantemente masculino. Você até encontra vocalistas mulheres, mas instrumentistas mulheres são raras. Melhorou bastante, mas quando se refere à guitarra os homens são maioria.
A história da guitarra no Brasil não é tão antiga, comparando mundialmente, por isso aqui ainda temos poucos representantes da guitarra, mulheres menos ainda.
Citei guitarristas mulheres e nenhuma brasileira, mas existem diversas que admiro bastante, que são minhas amigas, inclusive de um projeto que gravei para o YouTube que é o Women That Rock, mas é muito legal a gente ter essa representatividade feminina, porque é difícil esse caminho.
Já passei por diversas situações, como professores desprezando as minhas referências de guitarristas mulheres como a Orianthi, na tentativa de rebaixar uma imagem de representatividade feminina.
Existe muito machismo neste meio e uma das melhores coisas que temos que fazer é seguirmos fazendo nosso trabalho da melhor forma que a gente pode e nos unindo. E isso vem acontecendo.
Participo de um projeto chamado “Jam das Minas” que tem mais de 60 guitarristas brasileiras. Fazemos vídeos juntas de jam solos autorais.
Ao mesmo tempo que é um caminho solitário, vocês estão buscando caminhos coletivos pra ter voz e acabar com marcadores de gênero. Você falou do projeto Women That Rock, numa tradução livre, Mulheres que arrasam. Quem pode participar?
Esse projeto é uma extensão da “Jam das Minas” [em tradução livre, improviso das Minas] que começou com a guitarrista e minha amiga Letícia Praxedes. Com o tempo, mantivemos o grupo e é extremamente importante. O nome foi inspirado numa das melhores coisas que já aconteceram comigo. É muito bom quando a gente chega num ponto de ter o reconhecimento dos seus ídolos.
Um dia postei um vídeo tocando uma música do Extreme. Passados alguns meses, no dia das mulheres de 2019, o Nuno Bettencourt [guitarrista e vocalista do Extreme] postou cinco vídeos de mulheres tocando no perfil dele. Ele falou de cada uma, da importância do dia das mulheres e de cada uma das meninas que estavam no vídeo compartilhado. Eu era uma das cinco guitarristas!
Na legenda, ele publicou: “Uma pequena homenagem para mulheres que arrasam” e eu me inspirei nisso para criar o meu projeto. Nunca vi nenhum artista compartilhando e dando essa força para as mulheres e escrevendo, detalhadamente, elogiando cada uma, demonstrando que conhecia, de fato, o trabalho dessas guitarristas.
Você vive da música, do seu trabalho como guitarrista?
Vivo da música, do meu trabalho como guitarrista. Cheguei a fazer outra faculdade, a de Letras, e quando entrei estava muito engajada (nos assuntos estudantis), ficava o dia inteiro na faculdade e tocava guitarra cada vez menos. Na época, fui convidada para entrar numa banda de metal e quando fui tocar não dei conta de tocar o que eu tocava antes. Fiquei muito mal e pensei, preciso reorganizar minha vida, pois estou me distanciando daquilo que quero fazer.
Tranquei a matrícula, fiz metade do curso (dois anos e meio). E voltei para o curso de música numa faculdade de Belo Horizonte, mas não pude concluir porque a faculdade fechou durante a pandemia.
Hoje dou aula na School of Rock aqui numa das unidades de Belo Horizonte e aulas particulares. E ainda trabalho com as minhas bandas autorais, cover e como freelancer.
Como foi o seu encontro com a Datalink, excelência em cabos de sonorização?
Sigo o [guitarrista] Maurício Fernandes no Instagram. Antes da pandemia, ele me enviou uma mensagem dizendo que vinha à Belo Horizonte para alguns workshops [Escute o nosso cabo, projeto da Datalink]. Fui vê-lo tocar e rolou um convite para tocar uma jam com ele. A gente selecionou uma backing track [BT] e fui lá e toquei, fiz um som com ele na Riff Musical, que é uma escola de música aqui da cidade.
Foi uma experiência muito boa e divertida, pois ele é extremamente talentoso, além de generoso, pois abriu o espaço dele para eu tocar. A gente filmou e postamos. Acredito que ele compartilhou o vídeo com o time da Datalink que entrou em contato comigo e fui convidada para ser a artista da marca. Fiquei extremamente feliz, porque foi o reconhecimento do meu trabalho.
A Datalink é uma marca que curto bastante, a qualidade dos cabos, as pessoas que estão no time – considero isso bastante importante. Ainda não conheço todo mundo, mas pretendo fazer uma visita em breve.
Quais as dicas para adquirir uma boa guitarra?
Uma dica é que não compro instrumento novo. Nunca comprei. Sempre pesquiso instrumento usado, pois, no Brasil elas são muito mais caras, comparando com outros lugares. A dica de ouro é pesquisar instrumentos usados e ter o acompanhamento de um profissional para avaliar o instrumento.
Todas as marcas, das mais famosas, como a Fender, Gibson e Ibanez, às menos famosinhas, é preciso entender que todas as marcas têm séries regulares, boas e ótimas.
Devo mencionar ainda que não adianta conseguir o instrumento certo e adequado para o seu tipo de som, acertar na escolha da guitarra, e escolher outros equipamentos de má qualidade. Por isso sempre indico [os cabos da] Datalink, porque você sempre vai ter a melhor qualidade para o som do seu instrumento.
Conselho para meninas e mulheres que gostam, mas têm receio do caminho solitário de uma guitarrista.
O primeiro é que, independentemente de críticas e comentários machistas, vale a pena insistir no caminho se é o que se quer. Nunca desanime. Daí vem a importância do coletivo, de estarmos juntas e unidas.
É muito interessante esse movimento que tem surgido de mulheres se unindo em diversas áreas, mas na música também e entre as guitarristas. No grupo “Jam das Minas”, a gente sempre desabafa sobre algumas coisas que nos afetam por causa de comentários degradantes. Elas compartilham e, se for preciso, vamos no perfil e questionamos.
Temos essa rede de apoio e, na minha opinião, me sinto mais segura tendo essas meninas que a gente se abraça e segue junto. Essa é uma das melhores coisas que a gente pode fazer – sororidade. É importante não se deixar desanimar por nenhum tipo de comentário. Mesmo que esteja começando a tocar é preciso ter um objetivo, fazer e seguir seu plano e ter paciência, fazendo as coisas com carinho, curtindo o processo com calma. Aos poucos vamos chegando lá.
Uma trilha sonora para a nossa entrevista de hoje, Bruna?
Myself, do Kortza.
The pain opened my ears, I resist
Gave me fight as my craft, I persist
I didn't save my body, I insist
I faced out my pride, I exist
(Da canção Myself)
Como podemos lhe seguir nas redes sociais?
Estou com meus projetos e trabalhos todos publicados sempre no meu perfil no Instagram, @brunaterronigt. E no meu canal do YouTube, @BrunaTerronigt2.